quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Caminhante


Caminho como quem apanhou:
- carcomido, alma sedada, sem sentir.
O que vês agora, aquela que me amou
Consumiu até quase tudo se esvair!

Agora amo apenas com cuidado
Que o que restou me é pouco e caro:
E se num rompante não sou mais levado,
É porque o amor em mim é artigo raro.

E digo baixo: como quem tem medo de ferir,
Porque na dura carne volta agora o sangue a fluir
E sinto dos escombros de tudo que esteve a ruir
Minhas pernas, meus olhos e uma chama surgir.

Desse fogo claro, quente e tremulante
Que atiça o medo e espanta o amante
Vivo olhando as sobras e o levante:
Será fogueira um dia? Quem sabe adiante.

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