segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

tELúRiCo



telúrico, vejo vozes
escuto luzes rompendo, em passos,
a escuridão de pedra,
vejo musas voando de pernas pro ar
vejo mais e mais onde mais não há.

e ainda sorvo a água nas mãos
tateando o vento e mastigando o líquido,
vou assim sorrindo das dores e do parto
vou sorrindo assim do canto do pássaro

que nem voar ainda sabe e só tem fome de comer
o que a ninguém apetece, de crescer para o que nem conhece
pra singrar os céus ao nascer do sol e empoleirar-se nas nuvens
de sonhos que ninguém quer mais sonhar!

telúrico, visito gomos de felicidade açucarada,
diabéticas doses de refrigerante pra alma!
bebo pra aliviar o calor dos fornos das caldeiras do inferno
que ardem em cada coração sob ordem de despejo.

Isso, isso mesmo é o que vejo!
e do vapor que sobe a cada gole,
como das drogas que se aspira e não se engole
descanso o corpo ao lado de poemas: minha prole.