quinta-feira, 28 de junho de 2012

Estátua




Se no rio as águas se movem alvoroçadas
Com meu corpo e o e teu no remanso
Meu pensamento não conhece descanso
Das memórias que não foram abandonadas!

Ah, alma insana, em vão pranto deixada!
Só sonhais os encantos daquela breve jornada!
Eu sou em ti apenas a lembrança tresloucada
Da terçã que te deixou, à noite, acordada!

E assim no transporte leve da madrugada
Acordamos nos ombros de uma estrada:
De um lado, vou-me mocho com a alvorada.

Dou outro, fazes-te de estátua, parada.
E nesse lusco-fusco da tua cintilante estada,
Passa-se o longo tempo e não se faz nada.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Fim de Samba



Eu conjurei o passado teu
Nas lágrimas do vasto mar
que nunca mais água verteu!
Esquecei, amor meu...
Deixai o passado passar
que anjo que voa ao contrário
Não faz milagre no ar!

Te trouxe deitada, aqui, eu,
Pra meu vão e sombrio ateneu!
E nascestes como feito aurora
No crepúsculo do leito meu!
Na mais triste e perdida hora
No mais longo grito de Romeu
Na despedida, na desforra!

Eu conjurei o passado teu
Nas lágrimas do vasto mar
que nunca mais água verteu!
Esquecei, amor meu...
Deixai o passado passar
que anjo que voa ao contrário
Não faz milagre no ar!