quinta-feira, 28 de junho de 2012

Estátua




Se no rio as águas se movem alvoroçadas
Com meu corpo e o e teu no remanso
Meu pensamento não conhece descanso
Das memórias que não foram abandonadas!

Ah, alma insana, em vão pranto deixada!
Só sonhais os encantos daquela breve jornada!
Eu sou em ti apenas a lembrança tresloucada
Da terçã que te deixou, à noite, acordada!

E assim no transporte leve da madrugada
Acordamos nos ombros de uma estrada:
De um lado, vou-me mocho com a alvorada.

Dou outro, fazes-te de estátua, parada.
E nesse lusco-fusco da tua cintilante estada,
Passa-se o longo tempo e não se faz nada.

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